Estivador e capoeirista, Horácio José da Silva mais
conhecido como Prata Preta combateu
as forças militares fazendo algumas barricadas que ficou conhecida como Porto
Artur, na praça da Harmonia, bairro Saúde no Rio de Janeiro . Liderou a
resistência por vários dias. Aquele seria o último foco de revolta popular a
ser rendido na região do centro.
No fim do conflito , Prata Preta esteve entre os
presos deportados para o Acre, naquela época era chamado de fim do mundo.
Sua valentia e coragem lhe deram fama nos
noticiários, na literatura e nas caricaturas de jornal da época, em que ele era
retratado dando golpes de capoeira.
Prata Preta e seus companheiros do bairro da Saúde,
onde moravam muitos dos negros vindos da Bahia em busca de trabalho na capital,
tinham motivações específicas para se revoltar contra a vacina obrigatória, grande plano do sanitarista Oswaldo Cruz que era secretário de Saúde da época.
Adepta do Camdomblé, a população negra recusava-se
a vacinar por princípios religiosos. Esse culto na época, estava proíbido pelo
governo, sob acusação de "feitiçaria". Os praticantes da religião
acreditavam que determinadas divindades tinham poder sobre algumas doenças.
Entre esses deuses, está Omolu ou Obaluaiê, que seria o orixá responsável pela
varíola. Os poderes de Omolu não se resumiram a causar a varíola: podiam também
atenuar seus efeitos. Cultos e sacrifícios rituais eram oferecidos ao orixá,
pedindo proteção contra o mal.
Assim, era difícil que a vacina vinda dos médicos
tivesse credibilidade entre os seguidores do Candomblé. E era preciso resistir
a ela.
No ano em que a Revolta da Vacina completou 100 anos, o
Prata Preta voltou a circular pelas ruas e ladeiras do bairro da Saúde, não
mais de forma ameaçadora, mas esbanjando alegria através de centenas de foliões ao som das tradicionais marchinhas de carnaval .
Suas cores "vermelho, branco e azul" são em homenagem a S.D.P Filhos de Talma e a A.R.E.S Vizinha
Faladeira.
"Viva o Zumbi do bairro da Saúde"
"Viva o Zumbi do bairro da Saúde"
A estupidez do ser humano é incomensurável. O invés de ser espraiada uma campanha educativa sobre a necessidade da vacina, o que prevaleceu foi a imposição, o patético, grotesco demonstrativo de poder em vacinar as pessoas à força. E o governo utilizou à época o mesmo argumento comunista-stalinista, ou seja, deportar os "indesejáveis" para a Sibéria Tropical, o Amazonas e o Acre.
ResponderExcluirEstou fazendo uma pesquisa sobre o Prata Preta e tem pouquíssimo material falando sobre ele. Gostei do texto e da explicação sobre a questão religiosa. Voces indicam algum livro sobre este personagem?
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