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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Mercado de Escravos do Valongo

          Depois da transferência do comércio de escravos para o Valongo, ainda no século XVIII, a área passou a contar com um intenso movimento de mercadores da mão-de-obra fundamental no Brasil naquele tempo. O Valongo tornou-se o grande empório de um comércio malvisto e lucrativo, sediando escritórios de corretores de escravos, armazéns-depósitos para negros recém chegados da África e um comércio paralelo, que incluía tabernas frequentadas por marinheiros e ciganos que exploravam o tráfico negreiro. Outra atividade lucrativa que se instalou no local foi a fabricação de objetos de ferro destinados a prender e torturar os escravos. Os senhores compravam a mão-de-obra juntamente com o material necessário à sua manutenção.
        Conta-se que atrás do Jardim do Valongo construído no início do século XX existiu uma "casa de engorda", destinada a alimentar os negros recém-chegados, para que alcançassem melhor preços.Essa prática era necessária porque, na viagem por mar; os escravos que não morriam chegavam magros e doentes, devido às péssimas condições sanitárias dos porões dos navios negreiros.
          Maria Graham, viajante inglesa que esteve no Rio, por duas vezes, na década de 1820, visitou o Valongo, em 1821. Assim ela descreveu a rua do Valongo, atual Camerino: "De ambos os lados estão armazéns de escravos novos chamados aqui "peças", e as desgraçadas criaturas ficam sujeitas a todas as misérias de um negro novo, escassa dieta, exame brutal, e açoite".
         A crescente repressão inglesa aos traficantes e ao comércio negreiro acarretou, a partir de 1831, uma gradual desativação do mercado de escravos do Valongo.